Nos anos 60, as casas da lagoa eram muito mais numerosas. Pelo menos outros 10 mil vizinhos moravam por aqui, na encosta do morro onde fica hoje o Parque da Catacumba. Dizem que tudo começou no início do século XX, quando a baronesa da Lagoa Rodrigo de Freitas deixou suas terras para os ex-escravos.
Com o tempo, ex-escravo foi virando novo pobre, e as terras da baronesa foram virando favela. Para quem quiser ver uma foto daquela época, tem uma ótima na página do Zé Lobato no Flickr: flickr.com/photos/ze_lobato/149803889/
E pra quem quiser ler mais sobre a história da favela da Catacumba: http://www.favelatemmemoria.com.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/
O fato é que em 1970 o governo decidiu que os amigos da baronesa eram pobres demais para terem o privilégio da vista para a lagoa. Passou o rodo na área, mandou a galera pra casa do chapéu e enfeitou aquele canto da lagoa com prédios de luxo.
O plano de trocar as casas da lagoa pelas casas do chapéu parecia perfeito. Remover (detesto esse termo) os moradores e colocá-los em conjuntos habitacionais construídos na zona Oeste, que na época era um total vazio. Batizar com um nome bonito (tipo... Cidade de Deus?) e pronto! Golpe de mestre.
Só faltou lembrar de um detalhe: para viver, aquelas pessoas precisavam mais do que casas; precisavam de trabalho, o que obviamente não existia na área das casas do chapéu – assim como também não existia infra-estrutura para que a região prosperasse, nem transporte para trazer os trabalhadores até seus antigos empregos na zona Sul. Taí o resultado: Cidade de Deus virou um dos maiores desastres sociais do Rio de Janeiro e um dos maiores quartéis do tráfico de drogas.
quarta-feira, julho 19, 2006
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