quinta-feira, julho 27, 2006

A casa da Lagoa vai à casa do Chapéu

Essa semana tive a oportunidade de conhecer o novo endereço dos amigos da baronesa (apresentados no post anterior). Foi uma verdadeira procissão da casa da Lagoa à casa do Chapéu. Na trupe estavam técnicos da ONU, da Caixa, do Sesc e de uma construtora, que vieram da Ilha da Fantasia conhecer outra ilha separada da nossa por uns quatro túneis e vários viadutos: Rocinha II, uma favela no subúrbio de Cidade de Deus que sonha em ser Rocinha (dá pra imaginar?). O motivo da visita era um projeto habitacional que deve ser implantado ali até o início dos jogos Panamericanos, que vão acontecer ali do lado, a menos de 1km.

E então chega na casa do Chapéu a procissão da casa da Lagoa. Vai passando pelos becos, desviando dos porcos e dos filetes de esgoto. “Pisa na 'táuba', dona!”, ensina um dos anfitriões, apontando para um caminho feito de pedaços de madeira e papelão. Perfeito para proteger os tênis da lagoa da sujeira do brejo.

Passamos por uma adolescente de pés descalços e unhas (do pé) pintadas de roxo. Ela explica: “Pintei agora, não quero botar o chinelo para não estragar”. Mais adiante, uma menina de uns cinco anos aparece na porta do barraco falando no celular. Por um momento eu penso que o aparelho deve ser de brinquedo e que ela finge falar para se exibir para a procissão. Pensando bem, não sei qual dos casos é pior.

A procissão segue, embalada pelo som alto de música pop americana que vem das casas. Olho para trás e vejo que a procissão está agora bem grande, com as gentes da casa do Chapéu seguindo as gentes das casas da Lagoa, como que esperando para ver o milagre que elas vieram trazer dessa vez. Ou simplesmente para ver as garotas de Ipanema (éramos 4) passando cheias de graça, como no comentário malicioso de um garoto: “Nossa, quanta gatinha... Essa parada de eleição é uma beleza mesmo...”, disse ele, mostrando que visita da zona Sul, só em época de campanha.

A procissão se vai, deixando um gostinho de quero-mais na boca das gentes das casas do Chapéu. Será que dessa vez o milagre vem?

2 comentários:

Anônimo disse...

Estou aprendendo muito lendo os textos desse blog. Um beijo para vcs!

jardinière disse...

Pri e Ferdi: sou amiga da Marina e foi através dela que cheguei à Casa da Lagoa. Adorei os textos, vcs são ótimos. Saludos desde México.