sexta-feira, junho 29, 2007

Gente invisível

Você já parou para pensar na quantidade de gente invisível que atravessa o seu caminho durante um dia? Essas pessoas com quem cruzamos na rua, dividimos o banco do ônibus ou o ambiente do trabalho e nem notamos? Há casos extremos em que elas freqüentam nossas casas (para fazer serviços que nossos bacharelados rejeitam) sem que lhes dispensemos dois minutos de conversa. É uma forma de violência.
Eu procuro sempre notar as pessoas invisíveis. Os seguranças da rua onde moram, por exemplo, espantavam-se quando eu passava por eles dando bom dia. Agora já se acostumaram e quando me vêem, cumprimentam antes. Os motoristas da linha 110, que tomo todos os dias, me olhavam como um ET no começo, quando eu subia no ônibus cumprimentando. Agora também já me conhecem e algumas vezes esperam no ponto, quando vêem que estou chegando.
Quanto mais gentileza genuína distribuímos, mais gentileza recebemos de volta. É um círculo virtuoso. Aprendi isso com os meus pais, que sempre valorizaram as pessoas pelo que elas são e não pelo que têm ou pela grife que usam. E eles nunca precisaram me dar uma aula sobre o assunto. Aprendi pelo exemplo, porque eles agiam assim.
Todo mundo, por mais simples que seja, tem uma história para contar e algo de sua experiência de vida para ensinar. Precisamos recuperar a capacidade de valorizar isso. Para evitar, no futuro, que mais monstros bem nascidos se achem no direito de espancar outro ser humano (que para eles não significava nada, era apenas uma empregada doméstica) num ponto de ônibus na Barra da Tijuca.

sexta-feira, junho 22, 2007

Essa eu nunca tinha visto

Lá estava eu na plataforma da estação Botafogo, um olho no relógio e outro no trilho que se perde na curva do túnel (a luz do farol chega antes do som do trem), quando percebi que estava vindo uma composição. Fiquei contente, já achando que poderia desmentir a verdade incontestável de que, quando a gente está atrasado, o metrô sempre demora mais pra passar. Mas aí percebi que não se tratava de um trem comum. O treco que estava chegando era apenas uma locomotiva com uma cabine para o condutor e uma carroceria, provavelmente um carro de manutenção. Quando entrou na estação, ele diminuiu a velocidade ao mínimo e passou lentamente, para exibir, pasmem, um painel em forma de garrafa de Coca-Cola Zero. Eu com pressa na plataforma e a Coca-Cola Zero lá, desfilando calmamente, atrasando o meu próximo trem... Jurei só beber Pepsi pelos próximos seis meses!

terça-feira, junho 19, 2007

Tava escrito na fita...

Como nem todos os meus cinco leitores virtuais estavam no arraial junino da Lagoa, vale uma explicação. No começo, ainda antes da chuva (que era de verdade), teve dança das fitas. Todos os presentes eram convidados a escrever mensagens aos noivos na fitas coloridas que, depois, viraram adereços de pescoço... Então, vou começar a publicar, aos poucos, algumas dessas mensagens. A primeira, como não poderia deixar de ser, justamente da minha leitora número 1, M.:

"Que o alto astral e os ideais da Casa da Lagoa se espalhem pelo mundo e que vocês se realizem, sejam felizes e tenham muita saúde e paz. O relacionamento de vocês e o sentimento que têm um pelo outro são inspiradores. Beijos da amiga que torce o tempo todo por vocês."

Estranho

De repente todos os blogs que costumo visitar silenciaram juntos. Meus amigos virtuais sumiram. Terá este mundo virtual se acabado e o meu plug virtual foi o úncio que Matrix esqueceu de desligar? Estranho...

O gol número 1.500

Este site está perto de completar um ano de vida, mas eu só descobri a maravilha do Sitemeeter em março passado... Por isso, a contagem de visitantes não reflete a realidade. Mesmo assim, quero agradecer aos meus cinco leitores fiéis porque a Casa da Lagoa atingiu hoje, às 11h05, a marca de 1.500 visitas desde que o sitemeter foi instalado. O visitante de número 1.500, um desavisado morador de Columbia, Washington D.C., chegou à esta Casa depois de digitar no site de buscas do Google a sentença "braz pizzaria rio", que o enviou diretamente para este post de 22 de abril. Obrigado a todos pela presença.

segunda-feira, junho 18, 2007

Festa na Lagoa

Falta menos de um mês para esta Casa virtual completar um ano, mas a festa já rolou na noite sem lua de junho, à beira da Lagoa, como não poderia deixar de ser. Não teve cobra nem fogueira, mas a chuva e os noivos, pelo menos esses, eram de verdade. E a quadrilha, toda vestida de branco, dançou até o último acorde do sambinha dos carolas de Niterói, tomando caipirinhas malabares, sucos verdes e degustando comidinhas vivas e nem tanto... Obrigado a todos os que prestigiaram o arrial!

terça-feira, junho 12, 2007



Foi com muito orgulho que descobri que esta Casa da Lagoa foi triplamente indicada, pela M., pela Vivi e pelo Don Rodrigone, para o "Thinking Blogger Award", uma premiação simbólica proposta pelo The Tinking Blogger para blogs que fazem pensar. Pelas regras do prêmio, eu agora devo indicar outro cinco blogs que fazem pensar. Como a lista extensa, vou roubar criando a categoria hors concours, na qual enquadro desde já os sítios Le Bal Masqué, Tudo a Declarar e Como se Fosse Sábado, devidamente premiados por clamor popular. E faço cinco novas indicações:



1. Revelando - Espaço onde a imprevisível Sharon verde poesia em letras e imagens cotidianas.

2. Terapia Zero - O sítio especial de uma amiga freudiana que odeia divãs (será?).

3. Diz que fui por aí - É muito mais que um blog. Na verdade, é uma Kombi (ou era, se visitarem vocês vão entender) que está redescobrindo o Brasil.

4. Jornal das Pequenas Coisas - O delicioso espaço onde Rita Apoena, como diz a Sharon do Revelando, "sempre sabe como tornar doce a vida tantas vezes sem açúcar".

5. Crônicas de Guardanapo - André Debevc vai com tanta precisão ao ponto certo que até parece que ele nos conhece e sabe o que passa pela nossa cabeça.

Miniconto: Amor idealizado

Talvez fosse, talvez não... Mas depois que morte a impediu de viver a história, ela passou a ter certeza de que fora ele o grande amor da sua vida.

segunda-feira, junho 11, 2007

Tá tudo dominado

Meu sonho era usar este espaço para textos saborosos, divagações sentimentais, mas minha veia jornalística não resiste... Dados de um estudo do ex-secretário Nacional de Segurança Pública, José Vicente da Silva Filho revelam que, em 2006, a polícia do Rio de Janeiro efetuou 16.543 prisões em todo o Estado.
O que vocês acham? É muito, pouco, mais ou menos? Então vamos lá.
Segundo o mesmo estudo, a polícia de São Paulo, onde a violência atinge níveis semelhantes aos do Rio (quem não concordar pode deixar comentário espinafrando), foram efetuadas, no mesmo período, 128.135 prisões.
Gostaram do número? Já estão tentados a rasgar elogios à corporação paulista? Calma.
Em Nova York, onde a violência é infintamente menor, foram efetuadas 340 mil prisões em 2006. Isso mesmo, os meganhas yankees prenderam 20 vezes mais que seus colegas da Guanabara.
Alguém ainda quer saber por que a criminalidade está fora de controle há duas décadas no Brasil?
Agora sim eu entendo a razão de, em um ano meio morando no Rio, nunca ter visto uma viatura de polícia com a sirene aberta no trânsito. Como dizem por aqui, "tá tudo dominado".

domingo, junho 10, 2007

Carnaval dos Bicheiros

Desde fevereiro não era novidade para os poucos (mas fiéis) leitores desta Casa da Lagoa a febre que representa o Carnaval no Rio de Janeiro. As críticas feitas naquele post chamavam atenção para o fato de que a festa era patrocinada pela contravenção. Hoje, a intervenção "heterodoxa" dos bicheiros estampa o alto da primeira página d'O Globo. Quase com o mesmo destaque das falcatruas do irmão e do compadre do presidente da República.
Para quem não teve a chance de ver, um breve resumo: grampos feitos pela Polícia Federal flagraram três dos "empresários do jogo" oferecendo propinas a jurados para que dessem a vitória à Beija-Flor. Os que se ousaram se recusar a pegar a caixinha, foram ameaçados de morte por um pistoleiro a serviço da máfia.
Como dizem por aqui, todo mundo já sabia que isso acontecia. Até hoje, porém, ninguém tinha gravado.

sábado, junho 02, 2007

Miniconto: Férias na Casa da Lagoa

Perdia cabelos de sol a sol, estressado no trabalho. Um dia fez as contas, comprou passagens, botou a mochila nas costas e foi-se embora pra Itacaré.

sexta-feira, junho 01, 2007

Na vitrola, Caetano canta Nature Boy

Assim como havia chegado (sem anúncios), ele hoje partiu. Abrindo as portas dos armários do esquecimento para os casacos paulistas. E na noite morna, já agora venta uma brisa fresca. Que limpa a cena para a lua cheia azulando o céu no recorte com o morro negro que fecha a minha rua. Uma lua daquelas, que de tão linda, já faz sentir saudade antes mesmo de partir. Ainda vou sentir falta disso tudo... eu sei.

O Brasil dos cartórios

Quando minha mãe nasceu, meu avô decidiu homenager a mãe dele batizando a filha de Casemira Augusta. Preocupada com o futuro da inocente, minha tia mais velha sugeriu que ele transferisse a homenagem, batizando a caçula de dez filhos com o nome da minha avó. Para mostrar que era um homem flexível, meu avô cedeu. E minha virou Beatriz Casemira.
Foi assim que Casemira, esse nome português fora de uso, foi parar na minha certidão de nascimento. E logo esse nome, que ela sempre abonimou, acaba de nos fazer descobrir que eu e meus irmãos não somos filhos da mesma mãe. Eu e minha irmã mais velha somos filhos de Beatriz Casemira. Meus dois irmãos mais novos descobriram há pouco que são filhos de Beatriz Casimira. Não notou diferença? Nem você, nem o escrevente desatento do cartório que grafou errado o nome da minha mãe na certidão deles, com I em lugar de E.
Quem descobriu o erro foi minha irmã mais nova, tentando tirar uma nova cédula de identidade, com o nome de casada. Quando compareceu ao Poupatempo, a funcionária percebeu que na certidão de nascimento que ela portava, o nome grafado era Casemira. Mas na de casamento, era Casimira.
Foi investigar e descobriu que no livro do cartório de registro, o registro é com I. Apesar de ela ter uma cópia original da certidão com E. E agora vai ter de entrar na Justiça para pedir a um juiz o direito de corrigir o nome nas certidões de nascimento e casamento dela e nas certidões de nascimento das filhas dela, para poder renovar o Passaporte e o RG.
Parece piada? Não é. É grave. Vai gastar um dinheiro e um tempo enorme. Porque no Brasil dos Cartórios, uma certdião de papel com selos holográficos e carimbos vale mais do que a sua palavra. E enquanto ela não fizer isso, não terá mais direito a documentos de identificação.