quarta-feira, setembro 12, 2007

Sobre dias que fazem história

Um dia histórico é aquele fica marcado na memória das pessoas a ponto de, anos depois, elas ainda se recordarem do que estavam fazendo quando aquele fato ocorreu. Eu me lembro de assistir, quando criança, às minhas tias em volta daquela mesa da casa da minha avó recordando o que estavam fazendo quando Getúlio Vargas deu um tiro no peito, ou como haviam recebido a notícia do assassinato de John Kennedy nos Estados Unidos. Era um espanto para mim: como elas eram capazes de recordar em detalhes o que faziam num tempo em que eu nem havia nascido?
Só fui entender isso quando os fanáticos da Al Qaeda colocaram Lee Oswald na pré-história dos atentados, com o ataque ao WTC. Eu dirigia Rua Luminárias acima, na Vila Madalena, em São Paulo, quando meu celular tocou e uma amiga deu a notícia de que um avião havia batido numa das torres. Tive uma reação semelhante à do Bush diante da cartilha da primeira série (quem assistiu Farenheit 911 deve se lembrar). Meio atônito, fiquei imaginando se teria sido um acidente? Diante da notícia do segundo choque, que recebi já na redação, as dúvidas se acabaram... Esses episódios mostram que, quanto mais inesperado o fato, maior a chance de se transformar em algo realmente histórico, que marque aquele dia na memória de todo mundo.
Todas essas digressões são só para dizer que a absolvição de Renan Calheiros pelos colegas, ontem, não será um desses dias históricos. Ou alguém realmente esperava que ele fosse caçado? Para quem não tem boa memória (ou idade para se lembrar), Renan foi da tropa de choque de Fernando Collor no Congresso, quando era o próprio Boi Gordo (devido ao peso excessivo) e ficou no barco do ex-presidente, junto com Roberto Jefferson, até a retirada pela porta dos fundos. Como sei que daqui a um mês não me lembrarei do que estava fazendo enquanto o Senado assava a pizza, decidi deixar devidamente registrado neste blog: recebi a notícia da absolvição do nobre senador quando pagava, pela internet, os impostos federais da minha humilde empresa.
Como diriam lá no lugar onde eu trabalho, em coro de arquibancada: "Chupa Ferdi!!!!"

3 comentários:

Anônimo disse...

Quem não se lembra da morte de Tancredo? Ou da de Mário Covas?
O duro é que esses caras se foram, e temos que conviver com o que está aí.

Anônimo disse...

Eu lembro direitinho da tarde do impeachment do Collor. Coincidência ou não, foi no mesmo dia que completei 15 aninhos de idade. Ficava recebendo os telefonemas e assistindo ao voto de cada deputado na TV. Aproveitando todas as câmeras, eles votavam quase sempre assim: "Em nome do povo de tal cidade e por amor ao Brasil, eu voto sim".
Tinha um número certo de votos para que o impeachment fosse aprovado, se não me engano era 336. E todo mundo torcia para que esse voto fosse da Roseana Sarney. Só que não deu certo. Quando ela votou, o povo já comemorava a saída do caçador de marajás. Memorável.

F. disse...

15 anos, Celina? Eu já estava na Redaçã... heheheheh