quarta-feira, setembro 12, 2007

Férias

Ela disse, num comentário ao post anterior: "Tem gente que acha que tirar férias é desculpa pra abandonar o diário virtual. Às favas! Vai numa lan house, se vira! Saudade! :*
O problema, hoje em dia, deixou de ser uma lan house por perto. Até meus pais têm roteador wireless com internet de alta velocidade em sua pacata casinha na praia deserta do litoral sul de São Paulo. E quando se juntam todos os filhos, como aconteceu no último feriado, fica cada num canto, mudo diante de uma telinha particular de 14 polegadas.
Briga pelo computador? Não na era dos notebooks. O máximo que poderia acontecer era uma disputa pelos adaptadores para plugs de três pinos. Como a casa tem 22 anos, as tomadas não estão prontas para os computadores. Problema, porém, com os dias contados. Já entrou na pauta da próxima reforma.
Não faz muitos anos eu estava na faculdade de jornalismo às voltas com as teorias do McLuhan sobre a Aldeia Global e suas implicações inversas. Ao mesmo tempo em que permitia ao mundo todo se comunicar quase instantaneamente , a tevê minava a comunicação direta. Diante do tubo catódico, providencialmente instalado em lugar privilegiado da casa, a família deixava de se relacionar. Sem contato, sem conversas, sem convivência, seus membros perdiam os vínculos entre si.
O que pensar, então, desta nova era? Onde cada um tem seu monitor próprio e ainda por cima pode escolher e interagir com a programação que lhe é apresentada? Até aquela negociação sobre qual programa será exibido, muitas vezes o principal momento de contato entre os telespectadores da mesma família, se tornou desnecessária.
Será que posso me considerar em férias quando carrego meu computador com tudo o que precisaria no trabalho para a praia deserta? Será que estou em férias se continuo acessando meu webmail graças à facilidade da internet rápida?
Resolvi, então, entrar em férias de verdade. Com saudades da cozinha da minha avó, que tinha uma mesa enorme em torno da qual sentavam-se minhas tias para bordar, cozinhar ou simplesmente conversar sobre a vida, decidi manter o notebook desligado.
Mas, como vocês podem ver, minha força de caráter só durou três dias.

Um comentário:

Anônimo disse...

Ahahahaha, essa foi muito boa. Ninguém resiste à checagem de e-mails...