quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Instituições cariocas 3: Ponta do Calabouço

Agora ele enlouqueceu de vez, você deve estar pensando. Quem já ouviu falar nesse lugar? Acredite ou não, se você já esteve no Rio, tem grandes chances de ter pisado exatamente em cima da Ponta do Calabouço. Pois ali, onde pousavam os primeiros hidroaviões que vinham de todo o Brasil e até do exterior, começou a nascer, em 1934, a instituição carioca sobre a qual versa este post: o Aeroporto Santos Dumont.
Para que todos nós pudessemos chegar de São Paulo bem no centro do Rio, o governo federal jogou mais de 2,7 milhões de metros cúbicos de terra sobre 370 mil metros quadrados da Baía de Guanabara. Em 1936, com uma pista de 700 metros de comprimento, ele se tornou o primeiro aeroporto civil a ser inaugurado no Brasil.
Agora, aos 71 anos, esse velho aviador está passando por uma recauchutagem. As autoridades decidiram que ele precisava da plástica para dar conta de receber 8,5 milhões de passageiros por ano. Do jeito que está hoje, recebe 3,5 milhões - gente que passa por um de seus quatro portões na acanhada salinha de embarque ou desembarca a pé, pelo único gate de saída. Oficialmente, porém, ele só tem capacidade para 1,8 milhão de viajantes por ano.
As obras começaram em 2004 e deveriam ter ficado prontas em janeiro. Não ficaram e estão agora, prometendo aprontar até abril o novo terminal de embarque.
Maravilha da engenharia aeroportuária moderna, a nova sala será toda envidraçada. Inclusive no teto (para que os viajantes não percam a vista de outras instituições cariocas como o Corcovado e o Pão de Açúcar). E terá nove pontes que vão despejar os passageiros diretamente dentro das aeronaves, à moda das linhas de produção em massa.
O que é uma pena. Sem a romântica caminhadinha pela pista, não vai mais ser possível contemplar um nascente como esse aí de baixo, que fotografia manhã dessas, a caminho de São Paulo.


4 comentários:

Marina disse...

Toda vez que chego no Santos Dumont, lembro de Tom Jobim e seu "Samba do Avião". Apesar de falar do Galeão, para mim, essa música é a perfeita trilha para a vista mais poética do mais poético dos aeroportos.

Anônimo disse...

Ferdi, ainda bem que vc não foi contra o novo teto de vidro do aeroporto, senão eu teria de discordar - rs. Quanto às paisagens do Santos Dumont, concordo com vc e com M., são maravilhosas, verdadeiras poesias.

F. disse...

Oi Celina,
Não fui contra o teto de vidro do novo saguão, mas acho que vamos pagar uma conta enorme para sustentar o mais potente dos equipamentos de ar-condicionado do mundo (ou vamos morrer todos torrados sob o sol da Guanabara).
Bjs,

Ferdi

Anônimo disse...

Ferdi,
Sem querer ser chata, mas só para contribuir, não conheço os vidros especificados pelos arquitetos dessa obra, mas posso te garantir que existe muita opção com vidros de alta tecnologia desenvolvidos para garantir conforto térmico. Inclusive, o material tem um apelo ecológico, pois preserva a iluminação natural do ambiente e evita a absorção do calor. O assunto é profundo, mas se quiser, assim que terminar uma edição especial de minha revista sobre o tema, eu mando pra vc - rs.