domingo, fevereiro 25, 2007

Mais sobre milícias

Em dezembro do ano passado, a deputada federal Marina Magessi, então inspetora de polícia do Rio, deu a seguinte declaração ao jornal O Globo:
- Todo rico tem segurança privada. E o dono da segurança é um coronel ou delegado que subcontrata os praças. A segurança dos pobres é a milícia.
De fato, as milícias que tomam os morros e sobre as quais versa o post anterior são uma versão mais agressiva das empresas clandestinas de segurança que se popularizaram nas ruas das classes média e alta nos anos 90. A rua onde ficam as instalaçãoes físicas desta Casa da Lagoa, por exemplo, é guardada 24 horas por seguranças contratados por uma empresa chefiada por um major da PM que quase todo dia passa, fardado, para dar orientações aos seus funcionários. Sem o menor constrangimento.
A diferença: no bairro dos ricos, eles não ameaçam diretamente quem não paga. Mas quem vai ter coragem de cancelar o serviço? Afinal, os praças (que durante a noite tiram profundos cochilos nas guaritas, incapazes de guardar a si próprios) conhecem a rotina dos moradores.
Recebendo pagamento por fora, os policiais conseguem fazer o trabalho que são incapazes de realizar como agentes pagos pelo Estado: manter a violência afastada. Se eles conseguissem cumprir a missão como agentes do Estado, não poderiam cobrar por fora.
A violência só aumenta porque se transformou num grande negócio, explorado até por quem deveria combatê-la por ideal. Será que é por isso que a gente fica com aquela impressão de que a polícia não faz nada quando somos obrigados a registrar uma ocorrência na delegacia?

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