quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Instituições Cariocas 4: Miguel Couto


O nome se tornou famoso no Brasil todo graças ao noticiário viciado em tiros e barracos de tijolos aparentes da TV Globo. Sempre que tem invasão ou guerra em favela, lá aparece Miguel Couto como destino dos baleados, já que esse é o nome do hospital municipal instalado na Gávea que é referência mundial no atendimento de vítimas de PAF (sigla para perfuração de arma de fogo). Só no ano passado, seus 452 médicos atenderam 225 vítimas de tiros e 76 esfaqueados (fora os outros doentes em geral que lotam os 400 leitos disponíveis).
Além do hospital, Miguel Couto também dá nome a uma ruazinha fininha que começa na Avenida Rio Branco e termina na Avenida Presidente Vargas, no centro do Rio, a um bairro inteiro em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, e ao Esporte Clube Miguel Couto, time da 3ª divisão do Rio de Janeiro sediado justamente no bairro iguaçuano.
Com direito a tantas honras, Miguel Couto é famoso quem? É aí que entra a série Instituições Cariocas d'A Casa da Lagoa (devidamente amparada pelo google).
Nasido no Rio de Janeiro em 1º de maio de 1865 (quando esse dia ainda nem era do trabalho), Miguel Couto diplomou-se médico pela Academia Imperial de Medicina em 1883. Estudioso da influenza e da febre amarela, virou professor da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. E suas teses lhe valeram uma vaguinha na casa de Machado de Assis, a Academia Brasileira de Letras. Apesar de toda a erudição, o velhinho assumiu umas bandeiras meio estranhas: foi ferrenho opositor da imigração japonesa para o Brasil, por exemplo.
Como presidente honorário da Associação Brasileira de Educação, soltou, em 1927, a seguinte frase: "Na hierarquia dos problemas nacionais, nenhum sobleva em importância e gravidade o da educação". E escreveu um livro intitulado "Só há um problema: a educação". Mais atual impossível. Ironia do destino, o bairro Miguel Couto foi o primeiro de Nova Iguaçu a testar um novo modelo de educação, chamado Bairro Escola, que tenta implantar o período integral e melhorar a qualidade da escola pública.
Por essas e outras, Miguel Couto virou nome fácil em logradouros depois que partiu para a vida eterna, em 6 de junho de 1934.

2 comentários:

Anônimo disse...

Olá Priscila

Muito legal o seu Blog.

Me chamou a atenção um trecho do seu texto: "Famsoso quem?"

Passamos diariamente por diversas ruas com nomes de pessoas homenageadas por alguma razão, mas não temos idéia do que podem ter representado para o nosso povo, para a cidade, para o país, ou até para outros povos.

Mas é nossa responsabilidade resgatar a memória de nossa história.

No caso específico de Miguel Couto, fiquei feliz por sua lembrança, pois foi uma figura da maior importância para o Brasil, não só por sua intensa atividade na medicina, mas como cidadão, professor e político.

No caso que você mencionou de "bandeiras meio estranhas", na verdade não eram tão estranhas assim.

Para isso é preciso que se analise a situação geopolítica daquela época. O Japão tinha uma empresa governamental que gerenciava a emigração. Aqui no Brasil, a partir de 1908, se não me engano, iniciou-se a chegada dos "marus", navios japoneses abarrotados de emigrantes japoneses, que já vinham para se estabelecer onde aquela empresa lhes havia ordenado. Era uma emigração dirigida.

O Japão era expansionista e belicista. Tinha invadido a Mandchúria por entender que haviam descumprido alguns acordos. Note que tudo havia começado lá da mesma forma que estava começando no Brasil: compra de áreas, organização da emigração, discussão sobre rompimentos de acordos, invasão, etc...

Aqui não foi assim, pois Miguel Couto alertou e divulgou sobre o tema. Ele nada tinha contra o povo japonês, a quem ele muito admirava. O risco era ocupação dirigida.

Miguel Couto foi um brasileiro notável.

Para minha felicidade e orgulho, sou seu bisneto

parabéns pelo blog

F. disse...

Olá Paulo,

Na verdade quem fez essa postagem fui eu, Ferdi, que dividia este espaço com a Priscila. Fico feliz de você ter entrado neste blog para reparar a injustiça que cometi com o seu bisavô no caso da imigração japonesa. Obrigado e desculpe o engano. O Google é bom, mas nem sempre é totalmente correto. E orgullhe-se de se bisavô. A visão que ele tinha sobre as necessidades do Brasil eram perfeitas. Se tivéssemos tido mais brasileiros como ele, o país hoje já estaria bem melhor.
Um abraço,

Ferdi