sábado, julho 28, 2007

O circo do caos aéreo

O picadeiro do caos aéreo virou um circo de bizarrices depois da tragédia que matou 200 pessoas em São Paulo. Cada um apresenta uma idiotice pior que a outra como solução para a ameaça de Congonhas. Se o governo pode apresentar como panacéia a construção de um novo aeroporto na cidade (será que eles estão pensando em usar a Avenida Paulista?), então eu, um paulistano morador do Rio - e usuário freqüente da ponte aérea - também posso apresentar as minhas bobagens. A seguir, as colaborações desta Casa da Lagoa:

1. Mudança de Aeronaves - Vamos deixar claro: a pista de Congonhas não é perigosa. O aeroporto existe desde 1936 e só registrou dois acidentes graves até hoje. E o primeiro, como ficou provado, por falha da aeronave. O que torna Congonhas uma ameaça é a inépcia de um governo que se preocupa demais com os interesses das "companheiras aéreas" e libera uma pista para pousos e decolagens com a reforma incompleta. (Seria o equivalente a uma montadora colocar na rua um carro sem o freio instalado.) A discussão sobre o tamanho da pista (que já fez até o prefeito sair dizendo que vai desapropriar o Jabaquara) é uma idiotice. Nos Estados Unidos existem milhares de aeroportos regionais com pistas iguais ou menores. Como lá existe lei, as voadoras são obrigadas a operar com aeronaves médias, o que faz a alegria da Embraer e da Bombardier. A primeira proposta, então é simples: se a pista é curta para boeings e airbuses, basta o governo obrigar as "companheiras aéreas" a substituí-los por jatos comerciais médios.

2. Trem Bala - Eu admito, essa é uma solução em causa própria. Mas uma linha de trem rápido ligando o Rio a São Paulo ajudaria a desafogar o tráfego áereo em Congonhas. O governador do Rio já conseguiu três consórcios, dois europeus e um japonês, interessados em gastar US$ 9 bilhões para construir o ramal e colocar os trens em operação. Estima-se que a viagem entre a Central do Brasil e a Estação da Luz levaria 1h15 e a passagem custaria cerca de R$ 110,00. Quanto o governo federal precisa gastar? Nada, basta autorizar os consórcios a usarem os ramais abandonadas da Rede Ferroviária Federal para construir a linha. Por que não sai, então? Porque se o governo não coloca dinheiro nenhum, os políticos não têm como fazer suas caixinhas. Sob esse ponto de vista, é mais interessante gastar R$ 3 bilhões dos nossos impostos num novo aeroporto em São Paulo.

Nenhuma das idéias desta Casa da Lagoa jamais seria cogitada por uma razão clara: ambas contrariam os interesses das "companheiras aéreas", que distribuem cheques gordos para mais gente do que os grampos da PF são capazes de imaginar. Para encerrar, uma pergunta: será que o presidente voa no seu Airbus 319 com o reversor pinado?

5 comentários:

Anônimo disse...

eu voto no trem bala :)

Marina disse...

Ferdi, suas duas soluções são as ideais mesmo. Mas enquanto existir a ANAC -- com seus diretores amiguinhos das companhias aéreas e que não podem ser demitidos -- serão soluções impossíveis. Dá um desânimo...

Anônimo disse...

Eu também estou desanimada e muito triste. Inclusive, ontem participei da manifestação que saiu do Ibirapuera e foi até o local do acidente deixar flores em homenagens às vítimas, protestando por mais respeito do governo com a sociedade.
Só fico desanimada porque cada hora sei de uma informação diferente. Semana passada ouvi de um dos diretores da Gol que o trem bala Rio - São Paulo é inviável porque o investimento tem retorno de longo prazo. Disse também que as ferrovias européias privatizadas só sobrevivem graças à subsídios do governo.
Não conheço nada do assunto, mas me sinto perdida como um cachorro em dia de mudança. Dias atrás me vi obrigada a horas de espera por vôos atrasados (mesmo saindo de Viracopos), apenas para fazer uma simples reunião aí no Rio. Lamentável!

Julio Cruz disse...

do outro aeroporto já desistiram, agora só falta o trem bala, que eu tb acho que seria ótimo. desde que não deixem na mão de uma ANTT da vida...

F. disse...

pois é amigos, agora descobriram que a pista de guarulhos também está detonada...
e aí Júlio, quando vens ao Rio? Eu não bebo mais, mas continua freqüentando botequins.