O picadeiro do caos aéreo virou um circo de bizarrices depois da tragédia que matou 200 pessoas em São Paulo. Cada um apresenta uma idiotice pior que a outra como solução para a ameaça de Congonhas. Se o governo pode apresentar como panacéia a construção de um novo aeroporto na cidade (será que eles estão pensando em usar a Avenida Paulista?), então eu, um paulistano morador do Rio - e usuário freqüente da ponte aérea - também posso apresentar as minhas bobagens. A seguir, as colaborações desta Casa da Lagoa:
1. Mudança de Aeronaves - Vamos deixar claro: a pista de Congonhas não é perigosa. O aeroporto existe desde 1936 e só registrou dois acidentes graves até hoje. E o primeiro, como ficou provado, por falha da aeronave. O que torna Congonhas uma ameaça é a inépcia de um governo que se preocupa demais com os interesses das "companheiras aéreas" e libera uma pista para pousos e decolagens com a reforma incompleta. (Seria o equivalente a uma montadora colocar na rua um carro sem o freio instalado.) A discussão sobre o tamanho da pista (que já fez até o prefeito sair dizendo que vai desapropriar o Jabaquara) é uma idiotice. Nos Estados Unidos existem milhares de aeroportos regionais com pistas iguais ou menores. Como lá existe lei, as voadoras são obrigadas a operar com aeronaves médias, o que faz a alegria da Embraer e da Bombardier. A primeira proposta, então é simples: se a pista é curta para boeings e airbuses, basta o governo obrigar as "companheiras aéreas" a substituí-los por jatos comerciais médios.
2. Trem Bala - Eu admito, essa é uma solução em causa própria. Mas uma linha de trem rápido ligando o Rio a São Paulo ajudaria a desafogar o tráfego áereo em Congonhas. O governador do Rio já conseguiu três consórcios, dois europeus e um japonês, interessados em gastar US$ 9 bilhões para construir o ramal e colocar os trens em operação. Estima-se que a viagem entre a Central do Brasil e a Estação da Luz levaria 1h15 e a passagem custaria cerca de R$ 110,00. Quanto o governo federal precisa gastar? Nada, basta autorizar os consórcios a usarem os ramais abandonadas da Rede Ferroviária Federal para construir a linha. Por que não sai, então? Porque se o governo não coloca dinheiro nenhum, os políticos não têm como fazer suas caixinhas. Sob esse ponto de vista, é mais interessante gastar R$ 3 bilhões dos nossos impostos num novo aeroporto em São Paulo.
Nenhuma das idéias desta Casa da Lagoa jamais seria cogitada por uma razão clara: ambas contrariam os interesses das "companheiras aéreas", que distribuem cheques gordos para mais gente do que os grampos da PF são capazes de imaginar. Para encerrar, uma pergunta: será que o presidente voa no seu Airbus 319 com o reversor pinado?
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5 comentários:
eu voto no trem bala :)
Ferdi, suas duas soluções são as ideais mesmo. Mas enquanto existir a ANAC -- com seus diretores amiguinhos das companhias aéreas e que não podem ser demitidos -- serão soluções impossíveis. Dá um desânimo...
Eu também estou desanimada e muito triste. Inclusive, ontem participei da manifestação que saiu do Ibirapuera e foi até o local do acidente deixar flores em homenagens às vítimas, protestando por mais respeito do governo com a sociedade.
Só fico desanimada porque cada hora sei de uma informação diferente. Semana passada ouvi de um dos diretores da Gol que o trem bala Rio - São Paulo é inviável porque o investimento tem retorno de longo prazo. Disse também que as ferrovias européias privatizadas só sobrevivem graças à subsídios do governo.
Não conheço nada do assunto, mas me sinto perdida como um cachorro em dia de mudança. Dias atrás me vi obrigada a horas de espera por vôos atrasados (mesmo saindo de Viracopos), apenas para fazer uma simples reunião aí no Rio. Lamentável!
do outro aeroporto já desistiram, agora só falta o trem bala, que eu tb acho que seria ótimo. desde que não deixem na mão de uma ANTT da vida...
pois é amigos, agora descobriram que a pista de guarulhos também está detonada...
e aí Júlio, quando vens ao Rio? Eu não bebo mais, mas continua freqüentando botequins.
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