quarta-feira, outubro 10, 2007

Tropa de Elite


Assistir ao filme título deste post no Rio é diferente de assisti-lo em qualquer outro lugar da cidade. Aqui, a platéia se reconhece em cada esquina de Copacabana, em cada desleixo das personagens policiais, em cada viatura esculachada que aparece na oficina do Aspira. Tropa de Elite, antes de ser um filme brasileiro, é um filme carioca.
Aconteceram por aqui casos em que a platéia aplaudia cenas de tortura e de assassinato de bandidos. E aplaudia ferozmente a cena em que o estudante playboy, traficante da faculdade, apanha de um dos policiais. Na sala em que eu assisti, a platéia era silenciosa.
Já ouvi todo tipo de comentário e o mais comum é de que o filme é facista, defensor da violência policial. Acho que quem chegou a essa conclusão caiu na armadilha mais óbvia do filme: ele é narrado por um policial que, portanto, não tem uma visão tão crítica da instituição. O cara faz parte dela.
O que as pessoas não percebem é que, embora diga o tempo todo que o Bope é a melhor polícia do mundo, com critérios de seleção mais rigorosos que o do Exército de Israel, um batalhão onde não existe corrupção, o capitão Nascimento quer deixar a tropa. E o filme mostra, nas cenas cruas de assassinato e tortura de inocentes, porque ele quer sair da corporação. Nascimento vai ter um filho e quer voltar a ser humano.
A impressão que dá é que, embora adotem o discurso de que as atitudes do Bope são um absurdo, as pessoas não conseguem enxergar a crítica velada que o filme faz a elas porque, inconscientemente, concordam com esse modo de operação. São vítimas de uma herança do modelo punitivo de estado colonial, onde os ricos podiam tudo e aos pobres restavam os chicotes da senzala.
A mensagem principal que o filme deixou para mim foi de que nunca vamos resolver a questão da violência, no Rio ou no Brasil, se continuarmos apelando para mais violência. Esse caminho, adotado pelos homens de preto, expulsa da instituição todos que ainda têm algum sentimento humano dentro de si, mesmo que pequeno. Só restam os brutos e os selvagens dentro das fardas. E esses não servem para resolver nada.
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O mais triste de tudo foi constatar que, nos Estados Unidos, os roteiristas quebram a cabeça inventando perseguições mirabolantes, terroristas caricatos e toda sorte de maluquices para criar cenas de ação. Aqui, a gente só usa a realidade.

7 comentários:

Anônimo disse...

Ainda não vi o filme, mas concordo quando vc diz que não é possível acabar com a violência agindo de forma violenta. É óbvio, mas nem todo mundo pensa assim...

Unknown disse...

Galera, que legal. mas só descobri o blog porque procurei os contatos de vcs no orkut. Priscila, mandei recado pra vc no orkut. é sobre apt. me escrve quando puder(foto@gilvanbarreto.com). nao tenho mais os e-mails de vcs. abraços

Marina disse...

Eu não concordo com a opinião simplista de que o filme é fascista e defensor da violência policial. Se dizem que os bandidos são vítimas da sociedade e da desigualdade que há nela, os policiais agem daquela maneira cruel porque também são vítimas dessa guerra e do "sistema", como se fala tanto no filme. Acho que o Tropa de Elite prova que o meio realmente transforma o homem.

anna v. disse...

Eu gostei muito do filme. E ainda estou lutando para entender as pessoas que o acharam fascista.

Anônimo disse...

O que se passa com meus amigos blogueiros? Deixaram de escrever??? Saudades das novidades!

Anônimo disse...

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Anônimo disse...

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