quarta-feira, março 21, 2007

Os mil gols do Baixinho

No Rio não se fala de outra coisa. De repente, a campanha de Romário pelo recorde de mil gols virou uma bandeira da cidade, unindo torcedores de todos os clubes. E não é pra menos.
Dentro de campo, Romário sempre foi um gênio. Ninguém pode negar. Independentemente da conta que se faça dos seus gols – sejam os mil de seus fãs, ou os 900 dos que tentam diminuir a marca –, o Baixinho já escreveu seu nome na história do futebol. Afinal, ninguém mais no mundo, além de Pelé e do alemão Gerd Müller, conseguiu chegar perto dos 900.
A marca do Baixinho, portanto, mostra mais uma vez a força do nosso futebol. Por isso, essa festa é de todos os brasileiros.
Escrevo isso com tranquilidade, pois Romário nunca fez meu tipo de ídolo. Polêmico e arrogante, às vezes até grosseiro, inventou aquelas camisetas ridículas com mensagens, que usava sob o uniforme nos anos 90 e exibia a cada gol marcado. Ídolo verdadeiro conquista empatia com o público pelas atitudes no dia-a-dia. De que adianta mal-tratar o próximo todos os dias e depois escrever mensagens na camiseta? Ayrton Senna, por exemplo, nunca precisou abrir o macacão para mandar recado.
Hoje, porém, Romário está mudado. Muita gente jamais teria tido coragem de abraçar com franqueza a causa dos portadores da Síndrome de Down, como ele fez desde o nascimento da filha Ivy. Essa atitude, um gol do Baixinho que não entra na lista, mas que talvez seja o mais especial de todos, mudou minha opinião a respeito dele. Por isso, e pelas alegrias que nos deus na grande área, ele merece ser reverenciado.

Um comentário:

Don Rodrigone disse...

fora que nos meus poucos 20 e tantos anos de vida nunca vi jogador mais letal do que esse...


ah, valeu pela dica literária... devidamente anotado!