terça-feira, novembro 13, 2007

Ah se o Aspira visse essa cena

Praça Onze, Cidade Nova, ao lado do internacionalmente famoso Sambódromo do Rio de Janeiro. Saio da estação do metrô ao som insistente de marteladas furiosas. Não chegaria a ser novidade. A viela cheia de cortiços e biroscas é conhecida como rua das oficinas, tamanho é o número de lanternagens e mecânicas ali instaladas. Há quem diga que são fachadas para bocas de fumo, mas o fato é que todas são muito freqüentadas por taxistas. Os mecânicos, em sua maioria negros de bermudas baixas e sandálias havainas, desfilam suas costelas pela via. Camisa é artigo desconhecido para essa turma.
Quando chove muito, transborda ali uma água cinza, leitosa, que dizem ser o esgoto do bairro. Tudo fede, mas as crianças brincam em volta mesmo assim.
Pois nesse cenário que nem Dante seria capaz de imaginar, as marteladas me chamam a atenção. São muitas, devem ser muitos braços a marretar algum carro. Dobro a esquina e lá está a cena: uns oito mecânicos, mais ou menos, desmontando a marretadas uma viatura de polícia. Isso mesmo. Um carro da gloriosa corporação sendo desmanchado, em plena luz do dia.
Prova de que as mazelas da oficina do Aspira, em "Tropa de Elite", não são mero produto da imaginação do roteirista.

Um comentário:

Anônimo disse...

Sim, de fato... A um ano tenho feito um trabalho na faculdade que usa exatamente esse ponto da praça onze e entorno como base e também há quase 6 meses tenho sido frequentadora assídua deste blog, estando inclusive em meus favoritos. Sim, ali é uma região estranha mesmo, como diria uma moradora a qual entrevistei, é um local formado por "ex´s" ex-prostituta, ex-traficante, ex-policiais porque não? E mecânicos!!! Sim, triste a realidade do nosso Rio de Janeiro.
Adoro o blog e tudo mas exatamente tudo que nele é escrito!
Meu nome é Jessica, por sinal. =)